quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Calçando lembranças



Costumo dizer que um tênis novinho, aquele que acabou de sair da loja é um sapato sem história. Ele ainda não ganhou como marcas da vida, os passos que o levarão a ter personalidade, a ser um tênis realmente SEU.

Isso só acontece depois de muita porrada, de ganhar rugas, tatuagens do tempo que um banho não tira.

Sou um cara que cuida muito bem das roupas e sapatos, a maioria dos meus Tênis tem mais de 10 anos, alguns mais de 15. Daí a acho interessante / fascinante olhar pra alguns pares de “andantes” e perguntar: Onde esses dois já me levaram? Quem eles já viram? Quantos banhos já tomaram? Quantas bundas já chutaram? E quantas rasteiras desgraçadas já ganharam?

Acaba que algumas roupas, objetos, acessórios, ficam contigo tanto tempo que acabam fazendo parte de você. São como que a roupa que nossa alma usa.

Quando você se imagina; fecha os olhos e se visualiza fazendo coisas, conversando com alguém, ou o que for. Como você se vê? Normalmente, meio que de forma tão inconsciente que nem percebemos, estamos trajando essas roupas de guerra, nossos sapatos companheiros de viagem. O mesmo se dá pros sonhos, mesmo que nem lembramos o que vestimos enquanto sonhamos, normalmente são essas peças umbilicais que estão lá.

E a vergonha brutal de todo sonhante é quando as perdemos; de repente nos vemos andando pelados, sem nossas roupas siamesas, no meio de todo mundo, quem nunca teve um sonho maluco essas meninas pra acordar assustado de rosto escarlate?

Sempre que posso, ao rejeitar de jogar fora, eu levo pra arrumar meus sapatos, mando uma costura sem vergonha no rasgo da camiseta. Tudo isso pra que a lembrança não escorra pela memória. Não fique colada no solado de algum sapato que não me sirva mais.

Tudo é eterno se continua na lembrança. 


Arth Silva é escritor, desenhista, designer publicitário, especialista em perder canetas azuis.
Autor do livro "Contos à Queima Roupa" e da coletânea de memórias dos idosos de Ituiutaba "Gavetas da memória" e "O tempo e a vida"
Mais dos seus trabalhos literários podem ser vistos no seu site.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 





É PRECISO IRA, IRA SANTA

  Veio-me à lembrança, talvez em função do que vivemos atualmente, a figura impávida do saudoso senador TEOTÔNIO VILELA. Lembrando ainda da homenagem a ele prestada por Milton Nascimento e Fernando Brant com a música Menestrel das Alagoas, fiquei imaginando se já não estava na hora de aparecer outro menestrel, que como Teotônio caminhasse por esse pais, aclarando tantas dúvidas e mostrando as verdades nuas e cruas que os ignóbeis tanto escondem ou mascaram, travestindo-as de verdades falsas. Será preciso mesmo uma ira santa, como diz a canção, para enfrentar tanta covardia, traição, irresponsabilidade e ganância de poder que assistimos inertes, nos três “poderes” da nação.

  Os hipócritas escudam-se na Carta Magna, para, com a esperteza dos colarinhos brancos, iludir os menos avisados e fazer-nos engolir compulsoriamente, leis que atendem tão somente seus escusos interesses, em detrimento do desejo e necessidade de todos. Hoje, talvez com a ajuda das redes sociais, a população tem se alertado e embora fazendo jus, ao que nos identifica, um povo pacato; não suporta mais a superposição de crises. Crise de saúde, sobre crise econômica, sobre crise política. É demais, mesmo para um país, como o nosso, que estamos cansados de ouvir que tem tudo para dar certo.

  De onde vamos esperar sair um novo Teotônio? Não tem que ser necessariamente de Alagoas. O importante é que se junte aos que ainda tem a honra e a verdade como estandartes, e aglutine cada vez mais seguidores em torno da ideia de assepsia moral e ideológica, clamando por forças quaisquer, mesmo que sejam do além, para trazer alento a tantos humildes e indefesos que não tem como se defender.

  Brasileiros, avante! Já ficamos séculos deitados em berço esplêndido, é hora de acordarmos, nos unirmos e identificarmos claramente quem é do bem, quem comunga a ideia da sensatez, e com nossa ira santa espalhar esperança, transformando o sal em mel. Ir ao lodo, ao pantanal, mas “como quem vai manhazinha buscar fruta no quintal”. Falar de rebelião, porém “como quem fala de amores para a moça no portão”.

  O trem da vitória está partindo, se não embarcarmos agora, ficaremos na saudade, cabisbaixos na estação do medo, vendo nossos sonhos engolidos pela fumaça do adeus.

  Ressuscitemos em nossos corações a vontade de vencer, acreditando na alegria de viver. Façamos do progresso o nosso foco, a nossa meta, pois o pensamento é energia e a energia é ação.

  BUSQUEMOS COM TODAS NOSSAS FORÇAS “ESSA SAÚDE CIVIL QUE TOCANDO A FERIDA REDESCOBRE O BRASIL”

José osé Moreira Filho

Acadêmico da ALAMI

moreira@baciotti.com

terça-feira, 30 de junho de 2020

Crônicas de José Moreira Filho -ALAMI


 












QUIETUDE, MAS NÃO INÉRCIA

            Para aqueles que creem, essa situação pandêmica que o mundo vive hoje, tem um propósito, não veio por acaso. Na quietude de sua alma o homem pode, usando de sua razão, identificar sinais bem claros de uma razão maior, responsável por tamanho rebuliço. Saberá então que tudo está muito bem traçado e interlaçado objetivando um bem maior. Para fortes males, fortes remédios. Por séculos o homem usou e abusou da Natureza, que na sua aparente quietude tentava ensinar o caminho correto para a raça humana. Mas em vão, o homem usando de seu livre arbítrio, agiu, em nome de um pseudo progresso, desvirtuando o objetivo precípuo para o qual foi lhe dado o presente da vida. A felicidade... ah... “Essa felicidade que supomos árvore milagrosa que sonhamos, toda arreada de dourados pomos,” como bem diz Vicente de Carvalho, existe sim, mas não se compra no mercado, não se ganha na loteria, nem está nos grandes feitos e fatos. Está sim na sabedoria e não necessariamente na inteligência, para perceber a diferença entre o que posso, o que devo e o que quero fazer. Encontrar as razões dos acontecimentos para perceber o antagonismo existente entre as ferramentas empregadas pelo homem, que desviam o foco da essência humana. Aí cabe ter um olhar mais apurado para desvincular o que assiste às necessidades básicas, daquilo que está servindo apenas às ambições capitalistas, eivadas de ilusões e modismos modernistas. Muitas vezes a primeira intenção de uma criação é desvirtuada e o que seria um grande benefício para a humanidade, acaba se tornando um desastre. Exemplo clássico pode-se citar o átomo que gera energia, mas que também gerou a bomba. Por isso, hoje cúpulas mundiais se reúnem e discutem sem muito êxito, o desarmamento nuclear – uso maléfico dessa energia fantástica.
Acredito ainda, que o acaso não existe, bem como o fatalismo. Existe a reação de minha ação no mundo. Se ação criadora e inteligente, efeito criador e inteligente. Aliás disse Voltaire: “Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a causa ignorada de um efeito conhecido.”
Portanto, seguindo esse raciocínio, é relativamente fácil evitar o estresse cotidiano e maluco de nossos tempos. É só seguir a Lei Natural da Compensação. As respostas ao meu comportamento no mundo são naturalmente proporcionais à minha ação.
Trocar a corrida alucinada da vida hodierna, pela quietude sábia que clareia e ilumina os acontecimentos tristes, é o que nos tenta ensinar essa pandemia. Quietude que não quer dizer necessariamente inércia, mas posição calma diante de mudança drástica de nosso dia a dia.
            Entendo que com um pouco de otimismo, é possível adequar nossa vida às circunstâncias atuais, que no caso brasileiro parece ainda mais adversas. No entanto, para isso se tornar prática, seria preciso que aprendêssemos algumas coisas. Por exemplo, trocarmos a indiferença pela atenção, o preconceito pela aceitação, a ganância pelo desapego, o material pelo espiritual e, por enquanto, aquele abraço afetuoso por uma mensagem eletrônica sincera de afeto e carinho...
José Moreira Filho
ALAMI

domingo, 21 de junho de 2020

Crônicas de José Moreira Filho


  











RELACIONAMENTO HUMANO


Carece-nos de refletir um pouco sobre um fato muito importante para humanidade, principalmente nos dias atuais, que é o relacionamento humano. Para isso precisamos partir do princípio que homem algum é uma ilha, aliás, título de um livro do famoso escritor espiritualista Thomas Merton.
Bem, é preciso aceitar que estamos, ou sempre estivemos submissos à influência de quatro formas de poder: o poder econômico, o poder político, o poder religioso e o poder moral. O mais influente deles, sem dúvida, no mundo capitalista em que vivemos, é o poder econômico. Tudo gira em torno do dinheiro, a ponto de alguém dizer - quem não tem dinheiro não tem dignidade. Testes feitos com pessoas tentando entrar em restaurantes primeiramente maltrapilhas e em seguida bem trajadas, provam essa tese. A recepção é totalmente diferente.
Quanto ao poder político, podemos dizer que é irmão gêmeo do econômico. Vem atrelado a ele. É comum vermos na televisão crimes envolvendo altas somas de dinheiro patrocinados por políticos. E até governantes sendo condenados e presos, o que é um bom indício, embora vergonhoso.
Já o poder religioso é muitas vezes embalado pela vaidade, quando não também para fortalecer o econômico. Sabemos que certas seitas religiosas colocam sua estrutura administrativa à disposição de quem quiser aumentar patrimônio numa relação conveniada a título de franquia.
O moral sim, é que deveria sustentar todos os outros. O poder político teria muito mais sustentabilidade caso se firmasse na solidez de posturas corretas, coerentes e éticas. Por que o nosso Congresso está na UTI? Isso tem sido atestado diariamente no Brasil por atos, palavras e comportamentos de nossos políticos, que andam com seu ibope a zero. Por que tanta falta de dignidade, de honradez e de caráter?Poder econômico não lhes falta, nem mesmo o político, mas está apoiado em mentiras, em falcatruas, por isso desacreditado. Os noticiários estão cheios de detentores de poder político sendo algemados e enchendo os camburões da polícia federal. Alguém ainda se lembra da Operação Pasárgada?  E hoje são tantas que é melhor englobá-las todas na OPERAÇÃO LAVA JATO. Quem sabe esse nome sugere uma verdadeira limpeza? Tudo isso, simplesmente porque não mesclam o seu poder político com a ética. Com uma conduta ilibada e patriótica.Parece até que essa moléstia está se espalhando, pois as redes sociais estão cheias de críticas veladas à Suprema Corte do país.
É necessário levar em consideração esses poderes para mensurar a força do nosso relacionamento. Por que?  Exatamente porque dependendo da forma e do grau do poder que tenho é que será a minha força de relacionamento. Quem não tem dinheiro, geralmente e infelizmente se sente inferior e se humilha, portanto se afasta e a força de seu relacionamento tende ao zero. Sua influência é nula ou quase. A não ser que algum outro poder que tenha, seja forte o suficiente para compensar as perdas de força com a falta do vil metal. E há pessoas assim. Infelizmente poucas, que construíram sua vida alicerçada em tanto poder moral, que dispensa quaisquer outros poderes para se situarem na sociedade.
Oportunamente estamos vivendo um momento em quesomos levados a pensar nos problemas que enfrentamos, decorrentes da violência pandêmicaque assola o mundo.A preocupação deve se voltar para o fortalecimento do poder moral e não do econômico. É preciso trabalharmos a consciência de que me sentirei mais feliz, mais em paz se notar que todos têm melhor qualidade de vida. Que o que sobra na minha mesa pode suprir o que falta na do vizinho. E principalmente, que a solidariedade compartilhada não me empobrece, mas pode enriquecer a música tocada pela orquestra da humanidade no palco da vida.

José Moreira Filho
ARLS Salim Bittar
Or\de Ituiutaba-MG.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Crônicas de Welington Muniz




















Devaneios de uma criança
#Welington Muniz Ribeiro - Murito
A criança pensava e sabia que não devia parar de pensar. A vida de pensamentos eleva-se a um viver vivendo. E aquele pensamento criança erguia um mundo maravilhoso de sonhos gigantes. Um pequeno gigante.
O infante de olhar arregalado pelo tato bucal ia, aos poucos, conhecendo os enigmas que vão pousando à sua frente, a cada passo que iniciava.
Um passo trêmulo, sem forças físicas, mas condensados de poderes mentais.
Tudo estranho para aqueles olhos tão pequeninos que veem um todo, embaçado em nuvens de fumaça turva, que lhe impede a visão, mas não a sua mente preguiçosa que começa a desvendar os mistérios do seu segundo habitat.
Até, há bem pouco, o útero maternal é que mantinha preso aquele curioso que agora despertava.
Quanto sofrimento lhe causou e ainda causará agora, por sua vontade de pensar.
E aqueles passos lentos, desengonçados, não paravam.
Corriam mundos.
Percorriam universos.
O seu cérebro sonolento, em pouco tempo já descobrira que não lhe ia ser fácil conquistar aquilo que começava a conquistar, aquilo que começaria a ver.
Atrás de si tinha a supervisão poderosa das leis sociais que ele tinha que engolir.
Tão pequenino, tão inocente, e já caía sobre si, a restrição de sua liberdade.
O ingênuo iniciava os preparativos para os dogmas de como se deve viver para ser humano. E o animalzinho crescia.
Longe estão Hiroshima e Nagasaki.
Sua mente despoluída ia metodicamente recebendo o pó e os gases de uma civilização contemporânea. Não tivera nem uma chance, pequena que fosse, de ser verdadeiramente ele.
 Distorciam os seus negligentes pensamentos. Devaneios já se iniciaram.
Aprendeu a dizer mamãe e papai. O instinto lhe dizia que era a única coisa que poderia dizer à vontade.
Não poderiam proibi-lo de pensar, e ele pensava.
Os enigmas de um quebra-cabeça não deixariam que ele desvendasse sozinho. Ele devia ser modelado, devia seguir um raciocínio já feito, não poderia cometer o erro de encontrar a solução por outros métodos.
Os mestres não erram.
E aquela máquina nascia e crescia. A vida lhe abria as portas e ele, cego, caminhava, seguia pensamentos que nasciam, ideias que brotavam, curiosidades que o aguçavam, mas encontrou uma muralha e nela leu pela primeira vez: “Penses em tudo mas não faças tudo que pensas”.
Veio então a decepção, cresceu o ódio, ilusões que o iludiam, sonhos infantis que morreriam. Aprendeu a amar, odiando.
Como presente pela sua curiosidade, sua vontade de descobrir, recebeu o tapa de propriedades alheias, de coisas que se julgam proibidas por não serem desvendadas pela ignorância da humanidade. Pela nossa preguiça de vencer, de resolver.
Pela comodidade de nos adaptar, optamos pelo proibido como solução de problemas que envolvem um pouco mais de trabalho e raciocínio.
E aquela criança teve diante de si tudo que pensava. Tudo que procurava e que depois da muralha só as veria novamente em pensamentos, em sonhos. Teria que dividir com outros a única coisa que lhe sobrava e que agora se tornaria menor, pois poderia utilizar apenas uma pequena parte de sua liberdade.
Mas ninguém poderia impedi-lo de pensar. E ele pensava. Seus pensamentos, agora não ingênuos reconheciam pela primeira vez que, em toda parte do mundo, estavam nascendo minúsculas máquinas, que cresciam, que sonhavam, que davam origem a novas maquininhas e essas outras e mais outras.
E ele pensava na muralha. A muralha que, ainda, permanecia sólida, resistente à corrosão do tempo.
E a humanidade, cada vez mais maquinal, não se dava conta da natureza que morria. E enchia o mundo de maquininhas que cresciam, que...
E aquela máquina pensava, sonhava e criava máquinas.
E aquela criança, não tão criança, pensava.
E pensava em quê? 

Welington Muniz é escritor - médico - Acadêmico da Academia de Letras, Artes e Música de Ituiutaba.   

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Crônicas de Neusa Marques Palis











Dia de Finados.

Na roça, as pessoas gostam de se referirem aos que 
partiram com esse adjetivo_ " o finado" Valdemar, a " finada" Maria...
E quando dizem o finado pai, a finada mãe?
Jesus!
Não sei quem inventou algo tão triste e fora de propósito.
Eu sou de reverenciar nossos ancestrais com profunda gratidão 
e sem finitude.
Deixaram seus genes, seus ensinamentos e continuam assim, 
se fazendo presentes através dos seus descendentes.
Sentir saudades é mais que natural.
Alguns dos nossos entes queridos nos fazem companhia 
por mais tempo.
Outros, sem que nossa compreensão seja capaz, nos 
surpreendem com suas partidas que nos parecem precoces.
Não cultuo dia de Finados, não vou a cemitérios.
Aliás, lamento que tenha virado Feriado e dia de comércio.
Todavia, são rituais arraigados na nossa cultura.
Cada um, do seu jeito, com profundos respeitos a todos que 
já viram partir seus entes queridos de forma que nos exige luto.
Outros lutos fazemos em vida, de todos que escolhem, ou por 
outros motivos também ficam ao nosso lado por um tempo e 
depois se separam buscando outros caminhos.
Finados não!
Colaboradores dessa viagem.
Demônios e anjos.
Com certeza, deixaram o seu legado para a nossa evolução e 
merecem nossas reverências.

#Neusa Marques Palis é escritora. Acadêmica da Academia de Letras, Artes e 
Música de Ituiutaba
www.alami.org.com

domingo, 27 de outubro de 2019

Crônicas de Arlindo Maximiano Drummond















RECEBENDO VISITAS

# Arlindo Maximiano Drummond

Sentado em um banco de Locomotiva, observado por Flávio de Carvalho, Volpi e uns Farnese, tendo ao lado os livros como companhia, e em cima de uma mesa em outra sala fotografias dos amigos, meus pais e meus avós. A TV, claro, desligada. Muitos rascunhos, como esse, me perturbam por nunca acabá-los. O inferno do celular carregando e toda hora um sinal de mensagem sem futuro. Se for analisar, só coisas indigestas, parentes e as ex me ocupando sempre, chatices.

Então recebo Harold Bloom hoje, perfeito, discursando seu gênio só para mim, deleito-me.

Ontem foi Homero me fazendo acreditar ainda mais na criação divina, me pergunto como ele conseguiu ver deuses e homens combatendo juntos nos muros de Tróia. Daí onde surgiu minha tara e minha visão sobre as mulheres.

Amanhã receberei Dante e entendendo, por culpa dele, o purgatório que vivo neste momento, refletirei muito se mereço a salvação. Não sei se quero estagiar no último milagre celestial.

E dormindo pouco, como Spinoza, me pego gostando dessas madrugadas solitárias onde bate em mim a crença de cada vez mais encontrar sentido na existência.

 # Arlindo Maximiano Drummond é Cronista - Escreve para a revista Cult, Editora Cult Uberlândia. 


 
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